Nasci com asas indeléveis
De plumagem forte e multicor.
Voei pelos campos verdes,
Por sobre os telhados terracota,
Sobrevoei regatos de agua azul,
Vi a espuma branca do mar.
Percorri paisagens imensas e abertas,
Por terras fascinantes e estranhas..
Cresci, com o pureza do ar e do sol
E as minhas asas foram ficando pequenas
Ninguém me disse que não cresceriam...
Não sabia que as cores se esbatiam,
Não fui avisada que as penas caíam,
E que deixaria de poder voar.
Dei comigo a pouco e pouco
Confinada ao espaço da terra.
Encontrei-me, qual ave enjaulada
Fechada num recanto sem luz,
Forrado a tons de cinza uniforme.
Limitaram-me os gestos e as palavras
Instituíram-me regras e comportamento...
Eles não sabiam, nunca souberam
Que eu nasci com asas indeléveis,
E os seres alados são livres...
Posso estar fechada num mundo
Que não é o meu, e não me agrada.
Mas nunca terei o pensamento a cadeado,
E ninguém corta as asas aos meus sonhos.