Tinhas nos olhos o Inverno da despedida que não conseguíamos fazer..
O carrossel da nossa vida aparecia, meio desfocado
Soprava um vento cortante, seco e áspero,
que me lembrava as nossas discussões que não levavam a lugar nenhum
Voltas e voltas, sem sair do lugar..momentos de extase,
Seguidos do mais profundo abismo sentimental
Era então que me fartava desses bocados ofensivos de nada,
onde trocávamos impropérios, que olhava para ti..
Por vezes o receio da resposta travava-me o ímpeto..e tanto ficou
por dizer..
E por descobrir...todos aqueles beijos novos que demos no fim de
cada contenda..
Faziam-me amar-te demais.. faziam-me maior.
Houve dias de quatro estações, mescla de carinhos e insultos, beijos
e discussões..
Mas também houve dias em que nos esquecíamos dos outros..
Em que a calma era nossa.. e a fúria também..
Tesouro maior é o que guardo na memória, do teu cheiro
E o sentir da tua pele, naqueles instantes de silencio
E eu, ciente de como me vias, fazia o papel que esperavas de mim..
Comecei a esquecer-me que era apenas um papel...
E o e o sentimento por ti foi passando para outro plano...
Foi quando me apercebi que tinha começado a falhar...
Passamos pela primavera, tu e eu.. com a calma brisa perfumada a
pairar entre nós..
Sentimos na pele e na alma o calor deste nosso verão
do estio que nos acendeu a paixão e o desejo..
Demos largas à fantasia criando loucuras só nossas, só minhas e só
tuas...
Delírios de vontade inebriante.
Noites e noites, dias e dias de incomensurável cumplicidade e
desdém..
E depois...... não sei quando foi..prefiro não saber..
Chegou o cansaço..
A fadiga imensa trouxe com ela o silencio
E mais que tudo, trouxe a indiferença..
Caindo entre nós como as folhas multicores do Outono..
E os orgulhos mordidos e contidos em gargantas incapazes de gritar.
As quatro Estações giram eternamente, tal como o carrossel, sem
parar..
E sabemos ambos que ao Inverno segue a esperança da Primavera....
Quem sabe, o renascer...
E cá ficamos...Inverno no teu olhar, na despedida...
O teu toque, frio.. Mão estendida..
Perscutamos o olhar um do outro..
O próximo passo esconde-se atrás de uma esquina do tempo..
Talvez não esteja assim tão seco de amor por ti...
E talvez a sede que tens se volte a matar com os meus lábios...
Tens o Inverno nos olhos.. os meus já não estão tão frios..
Somos uma moldura com fotografia de uma distância que ambos,
inseguros, não sabemos se desejamos..
A tua mão estendida...
( Feito com a preciosa ajuda do talentoso Gitano ..thanks *)