Quarta-feira, 30 de Junho de 2004

Deus criou o Adão. Como macho tipico este apercebeu-se que não era capaz de fazer nada por ele próprio, e vai daí pediu a Deus que lhe arranjasse companheira.
Deus então sacou-lhe uma costela do lado esquerdo do peito. Pousou-a na mesa de trabalho e preparava-se para iniciar a sua obra prima (prontos..fazer a mulher..) quando 2 Testemunhas de Jeová lhe tocaram à campainha.
Enquanto ele se tentava livrar dos melgas, o gato lá de casa subiu para a mesa, abocanhou o osso e deu de frosques.
Ao voltar à mesa, Deus deu pela falta da costela. Procurou por toda a sala e nada.. De repente fez-se luz..." Foi o raio do Gato!!!" .
Saíu para o quintal, armado dum machado, com o intuito de dar cabo do canastro ao gato.
De longe avistou o bichano aninhado debaixo duma arvore a roer na costela... Deus, na sua imensa sabedoria, apercebeu-se que não conseguiria chegar perto do Gato sem que este lhe fugisse. Vai daí, fez mira e mandou o machado ao bicho.
Só que os gatos são rápidos como o caraças, né?? O tareco topou o machado a voar na direcção dele, agarrou bem na costela entre os dentes e deu um pulo...
Infelizmente para o gato o rabo fica sempre para trás. O machado acertou-lhe em cheio na cauda.
O pobre animal fugiu com o osso..mas o rabo ficou ali caído no chão.
Deus chegou-se ao pé do apendice felino decepado. Pegou no rabo. Olhou-o de vários angulos e chegou à conclusão que a matéria prima era mais ou menos identica à da costela do Adão (tirando o excesso de pêlo, claro).
"Bem" disse Deus para com os seus botões "à falta de melhor, serves". Deitou mãos à obra e produziu a Eva.
E assim, homens, não desesperem. Conformem-se com o facto de que vocês nunca hão-de entender as mulheres, os seus dramas, humores, segredos, alegrias, a sua sedução natural, o seu amor à solidão e aos mimos. A mulher, tal como o felino, é um ser misterioso, independente e orgulhoso.
É que a mulher foi feita a partir do rabo do gato.
Por vezes fazemos coisas sem pensar.
De repente surge uma ideia e apetece-nos fazer algo inesperado. Não paramos para pensar, simplesmente fazemos.
E por vezes corre bem, corre bem e que bem nos sabe o inesperado.
Outras vezes o inesperado tem um desfecho inesperado.
E recebemos uma surpresa com que não estavamos a contar.
Partimos com a alegria de menino de prenda na mão. E chegados ao destino não somos recebidos em festa. Timidamente escondemos a desilusão e a oferta da nossa surpresa, encolhemos o sorriso, fingindo a indiferença da desilusão.
E a alegria de menino é guardada na algibeira. Retornamos com a alma do mendigo exausto. E fechamos o desalento num casulo. Hibernamos em desconsolo.
E o mais triste é que perdemos a pouco e pouco a vontade do espontaneo.
Que mágoa me causa ver que o menino que há em mim vai crescendo um pouco mais a cada dia que passa.
Sexta-feira, 25 de Junho de 2004

Ele passou por mim
e nem o vi passar.
Não o senti,
Nem tive a noção
Que o perdia.
Pousou-me na palma da mão
Escorregou-me entre os dedos
Sem que eu tomasse consciência
De que me escapava para não mais voltar.
Tanto para fazer
Sempre a correr,
Tanta pressa
E nem vi que passava..
Nem me apercebi
Que não voltava.
Hoje acordei assim
(às vezes acordo assim)
E lembrei-me dele
Que passou e nem o vi.
O Tempo.
Quinta-feira, 24 de Junho de 2004

Ser inconstante e fugaz,
Num dia as Quatro Estações,
Cambiantes das mil cores
Um carrossel de emoções.
Muda o humor como o vento.
Maldição tanto sentir,
Pois se um instante é de choro
Basta outro p´ra sorrir.
Uma certeza a reter
Por entre a contradição
É a forma como ama
Quem lhe vai no coração..
Terça-feira, 22 de Junho de 2004

Nao ! Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Alvaro de Campos, 1923)
Quem me dera o teu talento Fernando..*
Ai que tédio me dá alguém que nunca sai dos carris
Como me aborrecem os 100 % certinhos..
Soa-me a falso tanta correcção, enervam-me.
São os que adoram as criancinhas (mas tem ama para cuidar dos deles), e emocionam-se com o golfinho que deu no telejornal, mas maltratam a empregada lá de casa. Não dão uma esmola a um pobre, mas participam em jantares de caridade, onde gastam um balúrdio em meia-dose de vitela assada, mas ficam bem vistos.
São aqueles seres que afirmam adorar passar o serão a ler um bom livro (que raio é um bom livro??), ouvindo musica clássica
Só gostam dos Madredeus, Caetano, Dulce Pontes e Luís Represas
porque sim, porque é musica de qualidade, porque, porque
sei lá, porque leram algures que assim era.
Epá
.são os que comem sardinhas de faca e garfo
Aiiiiii que vontade de os abanar, assentar-lhes dois cachaços para ver se acordam e sentem o aroma do café!!!
Se a noite é longa
Faz dos sonhos companhia.
E se a noite não é amiga
Faz da penumbra um refugio.
Pousa suave a alma sobre a cama
E deixa-te levar pelo embalar do silencio.
E se aínda assim te dói a solitude
Sai de ti e encontra a Madrugada,
Abre a janela e deixa entrar a luz.
Cumpre o dia com a ciencia duma criança
E decerto vais ver que
Quando a noite chegar
E pousares a tua alma sobre a cama
Vais ter os sonhos por companhia
E adormeces no doce embalar
Dos braços do silencio.
Segunda-feira, 21 de Junho de 2004

She´s thoughtless.
Sitting before the mirror, sees no image.
The things that run through her mind leave her
Thoughtless.
Eyelids flutter in a careless shrug
Takes a finger to her lips
No words uttered, not a sigh, just
Thoughtless
What was it he said?
Forgot,
Or did she choose to forget?
Silly, simple thing,
Don´t you dare bring that up.
Store it at the back of your mind
Just remain
Thoughtless.
Damn wrinkle, were you there yesterday?
And that frown used to be a smile...
What was it he said ...
Something about needing space.
Damn mirror, stop staring.
Leave her be, mind you business.
If only for a day, please
She wants, se needs, she must
Remain
Thoughtless.
Se vieres por bem, sê bemvindo.
Se vieres com pedra na mão, põe-te a milhas.
Andei a cheiretar nos blogs alheios e deu-me vontade de ter um meu.
Se por acaso algum viajante perdido por aqui passar e me ler, espero que gostes e que me digas.
Se não gostares, diz-me tambem. Só não me atires pedras.